A Grande Iniciação do Deus

E você nem percebeu que havia entrado na floresta dos meus mistérios...
Lhe dirigi sem que percebesse de frente as tuas sombras
Como em um espelho que mostra a verdade, você se depara com seu mais profundo Eu
O despertar começa...
A caminhada até aqui faz sentido
É preciso ajoelhar-se perante o poder gerador da natureza para ser digno de renascer
Saber que D'Ela viemos, reconhecê-la em cada mulher
Por um instante o sol invade a floresta sombria...
E o primeiro raio da manhã lhe mostra seu corpo dourado com a luz solar
Tocado pelo Sagrado Masculino, és recebido pelo Deus Selvagem
E por ele é iniciado
Receba as honras da sacerdotisa do sangue que te despertou
E tome o poder filho da Luz.

Hannah Nahash

Minha chama escarlate

Vermelho, rubro, escarlate, encarnado
É minha presença em teu mundo sombrio
Explosão, fagulhas, faíscas
Serão rotina em teus dias monótonos
Por vezes a calmaria de uma brasa
Atreva-se a queimar sua máscara, jogue-a em meu fogo!
Consumo em transmutação os valores corrompidos
E te faço acender a sua faísca primeira
Te devoro nas labaredas de minha Vontade
Te transformo em poder
Mas o caminho é sem volta.

Hannah Nahash

A Lua e eu

Eu tenho quatro faces

Posso ser a jovem revoltada e impulsiva

Astuta, guerreira, que te enfrenta.

Posso ser aquela que oferece o colo para o teu abrigo, te cuida e te zela

A mesma que te dá prazer

Ou talvez a que te ensina sobre a vida

Que é direta e as vezes fere teu ego

Que tem a sabedoria das velhas árvores.

Mas também posso ser o mistério a ser desvendado

Aquela que tem orgulho por seu gênero

Que reconhece seu poder e o utiliza

Que tem manias estranhas como em noite sem lua, saudar a mesma

Nua na escuridão... só ela a vê.

A Lua tem suas fases

E suas filhas em um ciclo sem fim se ligam a Ela

Eu sou uma delas

E todas as faces sou eu.

Hannah Nahash

Reencontro

"Ninguém mais ali o via, contou-me que sempre vinha me visitar
Estranhamente eu o senti, ao tocar nele com um pouco de receio
Me conduziu então a outro plano
Em meio a natureza e contemplando o crepúsculo me revelou as boas novas que vêm do mundo espiritual
Nos abraçamos. Aquele perfume que exalava... eu o conheço!
Me perguntei por quê não veio comigo desta vez, mas sabia que nem mesmo ele possuía a resposta...
Com delicadeza afagou os meus cabelos
Não me importava em ficar lá e não mais voltar. Mas aquele também era um lugar perigoso... O meio, onde os mundos se tocam.
Andamos pela planície, hora de retornar.
Mostrou-me os perigos de viver entre os seres humanos, fez prometer ficar atenta
Conduziu-me de volta ao ponto de partida, porém um cenário subliminar me esperava
Jovens pelas calçadas, amarrados, bêbados, drogados... Vítimas de suas escolhas.
Ele então se foi, e eu voltei."

Hannah Nahash

Combatente derrotada

"Volta em mim aquela nobre combatente
Que não se rende as lágrimas, nem mesmo do fracasso
Da vitória não vivida
Nesta batalha enfrentei e dominei a mim mesma
Neguei os devaneios e aprendi que uma batalha perdida não me faz culpada
Mas como guerreira, sinto ao retornar sem a promessa de dias felizes
Lutei a favor do êxtase constante
Ofereceria meu escudo, dividiria meu brasão sagrado
Nossa bandeira triunfaria...
Mas lutei pela ordem em um mundo de caos
Aqui a combatente não tem o menor valor
A ilusão foi minha fraqueza
Nem todos se preocupam com a honra
A espada a me vencer não executou meu coração guerreiro
Mas exterminou a esperança
Retorno pelas léguas percorridas em meus sonhos
A minha espada é pesada
Não me desfaço pois o Divino ainda espera por mim
E mesmo desiludida com a minha raça
Reafirmo meus votos com os Deuses
Na espera de uma nova batalha."

Hannah Nahash

Despertar da Escarlate

"Deixe-me! Serei consumida pelo incandescente de minha alma
Pois assim renasce em mim a pura essência
A Santa Impura que me habita grita pela ânsia do pecado
Senhora do meu sagrado sangue
A mulher escarlate desperta pelo balsamo ardente
Desperta agora das trevas do esquecimento."

Hannah Nahash

A minha pequena bruxa

"Ela tem 6 anos, e é uma bruxa. É minha afilhada esta pequena emotiva.

Ontem eu lhe passava uma lição muito importante, sobre as duas pedras... E explicava a ela sobre as colunas da misericórdia e da severidade. Ela atenta as explicações, seu olhar brilhava como o de uma verdadeira aprendiz, que carrega a sede de relembrar tudo aquilo que outrora já havia praticado.
Em um momento ela interrompe a explicação e me pergunta:
- Quanto tempo tu é minha mestre?
Eu pensei, é... já tem cerca de um ano que venho lhe transmitindo pequenas doses de ensinamentos. Mas então ela disse:
- Já faz uns 6 mil anos né....???
E eu, um tanto surpresa com a afirmação respondi: - É, pode ser...
Já cansada, informei que chegara a hora de dormir. Apaguei a luz, ela então começa a cantar baixinho uma canção à Deusa do Luar. Então eu lhe disse:
- Boa noite bruxa.
E ela, respirou profundamente e respondeu:
- Boa noite mestre."

Hannah Nahash

Lembranças de outrora - A Grande Ancestral

"Esta madrugada após um rito sagrado, sonhei contigo

Ambos de mãos dadas andamos ao redor daquela Grande Ancestral

Uma árvore tão antiga, com um poder de eternizar

E lá, passo a passo pedimos a ela

Que nossa união fosse para sempre.

Não sei em que tempo, em que espaço

Mas você era o mesmo... o mesmo olhar

Este olhar... que nem mesmo os milênios me fariam esquecer."

Hannah Nahash

Tristeza

"Não é porque resolvo me esconder do mundo, que sou frágil
Mas fui feita também de sentimentos e emoções
Não preciso esconder que de vez em quando, escondida, eu choro."

Hannah Nahash

À beira do precipício

"Foi à beira do precipício que te encontrei
Prestes a me jogar nas profundezas do abismo
Já me encontrava vagando pelo mundo escuro de minha alma
Perdida, desiludida
Carregando comigo apenas o archote da fé
Em meu corpo as cicatrizes
Em meu espírito as feridas novamente abertas
Foi à beira do precipício que te encontrei
No momento que avaliava como seria doloroso me jogar
Necessário, pois não havia outro caminho
Em mim já não existia a confiança nos homens
Pois por eles fui ferida
Então você me fez lembrar... do archote ao meu lado.
A luz que dele emana
Mostra a alma do ser humano
O bem e o mal que todos carregam
Foi à beira do precipício que te encontrei
E aceitei
E me reencontrei."

Hannah Nahash

Laços divinos

" Onde estiverem corações entregues aos Deuses sem maldade, lá estarei!

E que o amor e o perdão prevaleçam sempre...

Pois não está só quem tem irmãos verdadeiros...

A Verdade e a Justiça se impõe sem pedir licença"

Hannah Nahash

Combatente

"Aqueles que comandam a guerra, nunca podem se mostrar frágeis

Não podem chorar, nem quando dói o coração

Se rolarem as lágrimas pela sua face, todos os combatentes também o farão.

Nem quando o vazio torturante como um eco sombrio invadir minha alma

Não irei desabar, de minha estrutura depende a fé daqueles que sonham

E se em mim o sacrifício se fizer necessário, pelo justo, por nós...

Mato em mim o que anseia viver

Para que sigamos em passos firmes, sem a ilusão daquilo que nunca virá."

Hannah Nahash

Instinto Felino

“E é pelo meu instinto felino que lhe digo

Que me instalo sem pedir autorização

Deliciosamente saboreio a vítima de minhas garras

Sem pesar, sem culpa... Mas com êxtase.

E para o alvo... o pulo é certo

Minha caça.”

Hannah Nahash

O Despertar

"O antes desconhecido, despertou

Veio como um devaneio

E se foi sem sentido, mas não importam as perguntas

Pois a resposta já mora em mim

Sigo então em passos firmes

Aprendi que o Sol mora em mim

Neste templo que aguardava pelo despertar

Me libertou. Com a tua essência...

À Luz peço o dom de Saber

Pois já descobri a virtude do Ousar

Minha ânsia se alimenta de tanto Querer

Mas aguardarei o retorno, mesmo que minha alma grite

Por este sagrado instante, saberei Calar.

Um dia te anunciou ao meu lado Selvagem de Luz

Somente agradeço aos teus pés, pelo aprendizado

Pelo reconhecimento da Impura e Santa Escarlate que hoje me habita.

Servirei a ti, Pai."

Hannah Nahash

Vulcânica

Não sou chama erguida em esplendor

Mas a lava que escorre quente pelo corpo de Gaia

Serpenteando, pulsando

Devorando a vida e a morte.

Tomando posse do seu direito de existir

Poder manifesto das entranhas incandescentes da Mãe

Se derrama pela fenda de seu corpo

A destruição pode ser consequência

Ordenada pelas leis naturais

Não se pode impedir a erupção

O caos se faz necessário para o Novo

E deste caos um dia surgirei, firme e bruta

Mas eternamente vulcânica.

Hannah Nahash

Caminho do Meio

Caminho do Meio

"Sagrados os meus tombos, Sagrados meus pés na lama...
Sagrados demônios interiores, Sagrada minha Raiva.
Sagrada humildade que carrego, Sagrado amor fraterno
Sagrada é minha Vontade.
Abençoado portal que me permite ver o que há no Meio."

Evoé!

Hannah Nahash

Altar de Pedra II

Ao Alquimista...

“Contemplar teu olhar inevitavelmente me transporta...

A mais lembranças da minha oferta Divina

Entre todas a mais difícil, daí entende-se o Sacro-Ofício

Eles eram claros como hoje, e se fecharam tão lentamente...

Como quando você respira profundamente, e com tranquilidade pisca os olhos

Nestes instantes vejo você que tanto desejava, sobre aquela santa pedra

Não pertencia a mim, mas aos Deuses.

Através dos instrumentos mágicos de seu templo eu teria Visão

Através de sua essência, teria a sua vida de volta.

Gerada e Renascida.”

Hannah Nahash

Senhor da Aurora

Senhor da Aurora

"Quando iria imaginar que sua luz me tornaria feliz nos dias sombrios de Samhain?

Que aquela visita do passado era um anúncio de que eu já lhe pertencia?

Que a aurora pra mim seria o mais belo instante...

Pois sua essência em Gaia hoje habita meu coração.

Que eu seja plena em ti, e tu sejas pleno em mim.

Meu amor, meu pai e mestre...

Tortuosos os dias até a profundidade do teu olhar se fundir ao meu

De sua luxúria beber quente, ardente

Não posso nem quero evitar, me entrego a ti

Como tua dama e cúmplice

Desperta em mim o que me falta para poder servir-lhe de templo sagrado

Desperte meu cálice, até a Chama Sagrada

Pois no êxtase é que habita o melhor de mim

Para ti somente, que poderá despertar

O Amor em plenitude...
Lúcifer"

Hannah Nahash

Almas Profanas

Alma doce de amor febril

Desfaz as regras, desmonta os dogmas

Adormece a ânsia de atingir o Divino

Pois juntos nos tornamos Deuses

Alma impura pecaminosa

De ânsias ardentes infernais

De mãos dadas chegamos ao abismo

E nos fundimos com o escuro mundo da Morte.

Será que lembra destes detalhes perigosos?

Entre teu olhar e o rubro líquido imagino que sim

Hoje te reencontro de longe

Muito longe comparado ao quão perto estivemos

Transformando escuridão em Luzes

Pois o Senhor da Luz nos abençoou naquele instante

E a Senhora das Trevas nos completou.

Minha memória as vezes é um castigo

Lembro-me de detalhes que não deveria acessar

Hoje em nós existem vestígios

Loucos, extremos, incandescentes

Insaciáveis, malditos, incompreendidos

Sei bem o que nos fez assim...

Espero que saiba e honre também.

Hannah Nahash

O Sábio Aquático

O Sábio Aquático
-Para Andy-

Um pouco quieto

Um pouco agitado

Movimentos profundamente marítimos

Emoções discretas, porém derramadas...

Olhar feito de poesia, de canto da sereia

Força é a sua aliada

Mistura sabedoria e audácia

Com seu arrojo convida a dor para sentar

E lhe serve um café

E derrama lamúrias... E estremesse

Com a autoridade de quem comanda

Encerra a visita tortuosa e se desfaz do café

Guarda a dor em uma garrafa

E esta garrafa cria pó

De tantas outras dores atrevidas, faz de sua garrafa seu tesouro

Por fim a liberta, o sábio...

E a convida para dançar

A dor se rende aos teus encantos juvenis

E transforma-se em Plenitude.

A Temperança é sua guia sábio aquático....

Hannah Nahash

O espelho

"Não sei exatamente em qual momento me fundi.Talvez naquela manhã, quando ainda me restavam vestígios de uma infantil e sonhadora garotinha, brincando com as nuvens, com o vento... Ah ele dançava comigo...
Talvez naquela madrugada quando a juventude desabrochando me fazia sorrir nua para a Deusa do Luar.
Ou talvez entre tantos diálogos com as amigas das florestas... Sábias anciãs.
Quando suave, a serpente em mim deslizou, mostrando que minha companheira seria para todo o sempre, quando seus olhos negros me afirmaram seu poder, senti que sozinha não mais estaria.
No momento em que desci as trevas de minha alma, quando me joguei ao abismo... Lá estava eu do outro lado, uma parte de mim até então oculta... Minha sombra, tão amada e perversa...
Também na luz do meu espírito, na insistente vontade de amar qualquer tipo de Ser dentro de Gaia (e alguns fora dela...).
Ou então quando me tornei plena como mulher, redescobrindo os caminhos antigos iniciáticos daquelas que honram seu poder escarlate...
Certo é que me fundi, alma e espírito, corpo e essência.
E se um dia eu entrar em seu mundo... pode ser que me veja diferente, afinal... Minha face original ainda está oculta.
Para poucos, os que realmente conseguirem tocar o meu Eu completo. Lá estarei, do outro lado do espelho."

Hannah Nahash

Caminho do Sangue

"Hoje quando o vermelho escarlate me escorre, serpenteando meu templo sagrado... Penso no caminho que percorri junto a outras tantas filhas da Grande Mãe. Em tudo o que ajudei a curar, em tudo o que me curou.
Será que as vivências de puro êxtase, outrora vividas e compartilhadas com os Deuses... Não bastaram para mostrar que nossos laços são maiores do que nossos Egos?
Mas a Mãe Serpente continua em minha vida... (e em meu caldeirão)
Assim como minha guardiã Serpente Negra permanece ao meu redor.
Serpenteado eu sigo como abençoada filha escarlate, a todo momento trocando de pele, a todo momento aprendendo a deixar pra trás o que não me serve mais...
E agora, pelo poder de meu sangue, nesta Lua Nova me prostro novamente a Ela, que sempre será a Senhora de meu coração... Lilith! Ave Lilith!"

Hannah Nahash

Vontade insana

"Latente é a minha fé... Que se mistura com a esperança quase derrotada... 
E faz nela raízes a brotar, mais uma vez.
Quente é minha alma insana que se recusa a percorrer caminhos seguros...
Bem aventurados os que amam... os que tem fé... os loucos que seguem fielmente a sua Vontade.
Evoé!"

Hannah Nahash

Altar de Pedra I

Ao Alquimista...

"Agora vivas as lembranças invadem meus pensamentos

Não sei em que tempo se perdeu aquele altar em pedra

Mas sei que seu poder ainda vive, em quem por lá passou...

A dor misturada com o prazer

A fé misturada com o poder

E teu olhar que se fechava lentamente... Findando a Roda daquele ano

Era a promessa que em mim já habitava teu poder

Cedido em entrega, em amor pleno

Viveria agora, dentro de mim."

Hannah Nahash